sábado, 2 de setembro de 2017

Crítica: Death Note | Um Filme de Adam Wingard (2017)


Em Seattle, Light Turner (Nat Wolff) é um brilhante estudante do ensino médio que tropeça em um caderno místico dotado de um grande poder. Caso o portador do caderno escrever o nome de uma pessoa nele, tendo em mente o rosto do sujeito que almeja tirar a vida e a forma como deve ocorrer a fatalidade, assim acontecerá. Influenciado pela figura de Ryuk (Willem Dafoe), um traiçoeiro deus da morte, Light e sua mais nova namorada, Mia (Margaret Qualley), os dois decidem levar a justiça contra todos os criminosos do mundo, eliminando cada um deles. Mas quando Light, adotando a alcunha de Kira, busca levar o medo a todos os criminosos do mundo, a sua cruzada de justiça começa a ser atrapalhada quando um jovem investigador chamado L (Keith Stanfield) aproxima-se de sua identidade e inicia um perigoso embate. “Death Note” (Death Note, 2017) é um suspense de terror estadunidense original da Netflix que foi escrito por Jeremy Slater e dirigido por Adam Wingard (responsável por filmes como “V/H/S”, de 2012; “V/H/S/2”, de 2013; “Bruxa de Blair”, de 2016; entre outros mais). Baseado na série de mangá japonesa de mesmo nome, o material é da autoria de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, que já havia gerado uma cultuada animação e alguns filmes em live-action japoneses. Bastante diferente de suas origens, a adaptação realizada pela Netflix chama a atenção dos espectadores de forma negativa.


Embora a ideia principal de “Death Note” seja de certo modo válida, sua exploração rasa se mostra desagradável. Há uma inversão dos conceitos do material de origem sobre o conhecimento, a maldade e a justiça. Enquanto na animação, Light é a materialização da maldade que ergue uma espécie de estandarte deturbado de justiça sobre todos aqueles que ele julga merecerem a morte, ao mesmo tempo em que Ryuk se mostra uma espécie de turista perdido na terra vivendo e aprendendo passivamente, sua adaptação em teoria até tem o seu valor. Sua abordagem é bastante diferenciada e original, como o formato cinematográfico inclusive requer. Porque o Light Turner de Nat Wolff é uma vítima de suas ambições, de sua pretensão e de suas desmedidas decisões, como Ryuk é ardiloso, falso e mais perigoso do que sua inspiração um dia o fez ser. O Caderno da Morte é mostrado quase como um artifício de entretenimento para Ryuk. Porém, o filme possui uma série de falhas grotescas, interpretações medíocres e eventos de pouca funcionalidade. Deixando a maior parte do material de origem de lado, esse novo olhar dessa produção não surpreende tanto quando é colocado os elementos narrativos escolhidos na balança. A interpretação de Nat Wolff é bem ruim ao ponto de afirmar que sua escolha para o papel principal é mais do que equivocada, seja por sua constrangedora reação diante do primeiro contato com Ryuk na sala de detenção ou pela completa falta de química que seu personagem detinha com seu par romântico. A presença de Keith Stanfield é uma incógnita que de alguma forma também é prejudicada pelo roteiro que não soube trabalhar seu personagem.

Sobretudo, o Ryuk de Willem Dafoe é sonora e visualmente genial, mas com um tempo de tela escasso para a tristeza da plateia. Os efeitos são compactos, mas presentes e funcionais a proposta do enredo. Reparem na releitura musical de “Como Uma Deusa”, da cantora brasileira Rosana em inglês. Uma verdadeira e inusitada escolha para a trilha sonora que diz muito sobre essa adaptação. É quase como um dane-se ao espectador. Assim sendo, “Death Note” que foi detonado pela crítica especializada e ridicularizado pelos fãs da série original, também se mostra como um mero e razoável passatempo como a maioria dos filmes produzidos e lançados pela Netflix ultimamente. A diferença é que este poderia ser a primeira obra cult da produtora, mas que foi desperdiçada por uma série de escolhas malfeitas.

Nota:  6/10

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